Empresários se dispõem a ampliar conteúdo sobre demandas das pessoas com deficiência na TV

Por: Larissa Claro – Publicado em: 26.04.2020

 

Em contrapartida a impossibilidade de atender a pleito da Defensoria Pública do Estado (DPE-PB) e do Ministério Público da Paraíba (MPPB), para que as matérias jornalísticas exibidas pelas emissoras de televisão com concessão pública na Paraíba sejam acompanhadas por tradutores de Libras (língua brasileira de sinais) e audiodescrição, o Sindicato das Empresas de Rádio, Televisão e Jornal da Paraíba propôs a formação de uma comissão para o encaminhamento de demandas que digam respeito às necessidades de pessoas com deficiência.

A ideia é que essa comissão possa sugerir pautas pertinentes a esse público  com o compromisso de veiculação pelas emissoras de televisão do Estado. A propositura ocorreu na última quinta-feira (23), durante reunião com a defensora pública Fernanda Peres, a promotora de Justiça Liana Carvalho, ambas autoras responsáveis pelo encaminhamento do pleito, além de representantes da sociedade civil e da deputada estadual Cida Ramos.

Na reunião, o presidente do sindicato televisivo, Alexandre Jubert, afirmou que, embora sensíveis ao pleito de propiciar plena acessibilidade às pessoas com deficiência auditiva ou visual, não seria possível atender à solicitação no momento, haja vista dificuldades técnicas e financeiras.

O presidente da TV Cabo Branco/Globo, Eduardo Carlos, também participou da reunião e reforçou, além da ampliação do conteúdo jornalístico, a oferta de comerciais que traduzam alguma demanda urgente das pessoas com deficiência.

SUGESTÕES – A defensora pública Fernanda Peres, coordenadora de Promoção dos Direitos das Pessoas Idosas e das Pessoas com Deficiência, sugeriu, diante das dificuldades financeiras alegadas, a formalização de convênio com o poder público para disponibilização de intérprete de libras, de maneira a se tentar a implantação, em caráter experimental e de formato pioneiro, de transmissão de matérias jornalísticas. Ela acrescentou que, por ser a língua de sinais a primeira língua das pessoas surdas, muitas não compreendem bem a língua portuguesa.

A representante da Associação de Surdos de João Pessoa, Elizangela de Lima Araújo, explicou a diferença entre pessoas com deficiência auditiva (que, em regra, conseguem realizar leitura labial) e pessoas surdas (que são alfabetizadas em Libras, e não em Português, e não conseguem fazer a leitura labial) e sugeriu a contratação de estagiários, a fim de se atender ao pedido com menos custos.

SENSIBILIZAÇÃO – Coordenadora do Centro de Apoio Operacional às Promotorias das Cidadanias e dos Direitos Fundamentais, a promotora Liana Carvalho destacou a necessidade de sensibilização do setor de telecomunicações para atendimento das demandas relacionadas a pessoas com deficiência, reforçando a importância dos meios de comunicações na vida desse segmento.

Nesse sentido, também se pronunciou a deputada Cida Ramos. Ela lembrou que apenas no Estado da Paraíba a população com algum tipo de deficiência chega a 1.045.000 pessoas (27% da população), ressaltando a necessidade da real de inserção dessas pessoas na vida social.

Para os representantes do segmento das pessoas com deficiência, a reunião foi histórica, já que pela primeira vez os representantes do setor televisivo sentaram com eles para discutir a necessidade de inclusão.

Também participaram da reunião o presidente do Conselho Estadual de Pessoas com Deficiência, Suzi Belarmino; a coordenadora executiva do Fórum Paraibano da Pessoa com Deficiência, Carolina Vieira; e a intérprete de Libras, Josineide Castro Lima.

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