DPE conclui primeira turma dos Grupos Reflexivos de Autores de Violência

O encerramento da primeira turma do projeto “Grupos Reflexivos de Homens Autores de Violência Doméstica e Familiar”, nesta quarta-feira (6), foi marcado por muita emoção na Defensoria Pública da Paraíba (DPE-PB). Dez participantes receberam o certificado pela presença nas sessões realizadas por profissionais da instituição como parte do cumprimento de penas alternativas.

Os homens foram encaminhados pelo Tribunal de Justiça da Paraíba (TJPB) para participarem da iniciativa, que tem como objetivo abordar e lidar com a questão da violência doméstica, oferecendo uma oportunidade de reflexão e mudança de comportamento para os envolvidos em casos de violência contra mulheres.

Durante a solenidade de encerramento da primeira turma, a defensora pública-geral, Madalena Abrantes, destacou a importância de atuar na prevenção para que novos casos não venham a acontecer. “Nós cuidamos não só das mulheres que vivem em situação de violência. Nós também trabalhamos com os autores dos atos. Então, o nosso foco principal é a prevenção”, disse.

A DPG salientou as diferentes formas de evitar as agressões e avaliou que trabalhar a inteligência emocional é uma delas. “Em um momento de raiva pode-se fazer coisas. Precisamos aprender a lidar com esse momento. Esse grupo foi feito para isso. Para a reflexão. Espero que todos, daqui para frente, não voltem a praticar violência. Se vocês não praticarem, nós vamos saber que estamos no caminho certo”, acrescentou.

A solenidade também contou com as presenças da defensora pública, coordenadora de Projetos da DPE-PB, Elizabete Barbosa, a psicóloga Vanilda Luna e a assessora jurídica Eliomara Abrantes. A convite da Defensoria, participaram da solenidade o coordenador da Mulher em Situação de Violência Doméstica e Familiar do TJPB, juiz André Ricardo de Carvalho, e a secretária executiva da Mulher e da Diversidade Humana, Joyce Borges.

“Quando surgiu esse convênio, no qual a Defensoria Pública da Paraíba foi pioneira, fiquei muito feliz, porque muito melhor do que remediar é evitar futuros fatos similares”, afirmou André Ricardo. “Todos nós estamos passíveis a cometer erros, mas a gente deve aprender com eles para evitar cometer novos erros. É justamente essa reflexão que faz com que a gente busque dentro do nosso interior a necessidade de mudar ou rever as nossas atitudes”, concluiu o juiz.

Para a secretária executiva da Mulher, o projeto atinge diretamente a cultura do machismo, promovendo a mudança de atitudes em relação ao que ela chamou de “masculinidade tóxica”.

“A gente não consegue entender como um homem pode ser feliz por meio da violência. Então, nós sempre fomos entusiastas desse trabalho. A gente espera realmente que eles modifiquem a própria vida, vejam novos horizontes, sejam felizes. O que a gente pretende é promover uma sociedade mais igualitária onde homens e mulheres se respeitem mutuamente”, afirmou Joyce Borges.

APRENDIZADO – Durante a fala de um dos participantes dos Grupos Reflexivos, ele admitiu a mudança de pensamento em relação ao ato praticado por ele contra a companheira e se disse mais consciente do seu papel social. “Quero agradecer a todos que tentaram dar o máximo para isso funcionar. Peço a Deus que comporte todo mundo que está aqui e que dê crescimento a cada um de nós”, disse.

Em relação a própria situação, o participante fez uma autocrítica e refletiu sobre os atos que o levaram ao cumprimento da pena alternativa. “Se hoje falarem que sou culpado, eu digo que sou. Não tenho raiva de nada, nem dela, nem de ninguém. Um dia, quem sabe, eu posso receber o perdão dela, de Deus, de mim próprio. Agradeço a Deus por isso”, finalizou.

PROJETO –
 Somando 12 sessões, o projeto promove dois encontros semanais (às segundas e quartas-feiras), com comparecimento obrigatório para as pessoas encaminhadas pelo TJ, uma vez que se trata de medida cautelar, fundamentada no artigo 22, inciso VI, da Lei 11.340 (Lei Maria da Penha). Durante os encontros, são promovidos debates e reflexões que visam a desconstrução de comportamentos agressivos e a promoção de uma cultura de respeito e igualdade.

Por Thais Cirino 

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