Cerca de 40 atendimentos foram realizados na última sexta-feira (28) durante a ação de celebração pelo Dia Internacional do Orgulho LGBT+, realizada pela Defensoria Pública do Estado (DPE-PB) em parceria com o Hemocentro. Os mutirões “Orgulho de salvar vidas” e “Meu direito começa pelo nome”, de iniciativa da Coordenadoria de Defesa dos Direitos Homoafetivos, da Diversidade Sexual e do Combate da Homofobia, atraiu pessoas LGBTQIAPN+ e a comunidade em geral para doar sangue e retificar o prenome e gênero na documentação.
Foi o caso de Joelma dos Santos, de 46 anos. “Eu sempre quis doar, mas tinha medo do preconceito. Nós que somos LGBTs tínhamos esse receio, por conta das perguntas que as pessoas da comunidade ouviam no momento da triagem. Mas, hoje, com essa iniciativa, vou poder fazer isso de forma tranquila. Também vou realizar a troca de nome, que é um desejo antigo, mas eu não sabia como fazer. Essa iniciativa da Defensoria é muito importante para nós”, elogiou. Cerca de 15 pessoas procuraram a DPE para fazer a retificação nesta sexta-feira.
A coordenadora da Diversidade Sexual da Defensoria Pública, Remédios Mendes, explica que a ação buscou assegurar direitos e combater o preconceito em relação à doação de sangue de pessoas da comunidade. “A importância dessa ação é a de chamar a atenção da comunidade para que ela combata o estigma e a discriminação de que as pessoas LGBTs não podem doar sangue. Com a decisão do STF, em 2020, e com o Projeto de Lei 2.353/21 aprovado pelo Senado Federal, em 2021, a possibilidade de doação de sangue para essa população se tornou legal. Esse mutirão visa efetivar direitos e afirmar direitos. É um dia de orgulho, um dia para se orgulhar”, enfatizou.
Durante o evento, o Hemocentro da Paraíba realizou 21 cadastros de doadores e coletou 13 bolsas de sangue por meio do Hemonúcleo, unidade móvel de coleta. Outros três participantes também foram cadastrados para doação de medula óssea. Servidores da DPE-PB também aproveitaram a presença do Hemocentro para fazer a doação de sangue. A coordenadora de coleta externa do Hemocentro, Adalgisa Lino, ressaltou a importância da doação de sangue como um ato de solidariedade ao próximo.
“Estamos prontos para receber todos os grupos. Tanto aqui na nossa coleta itinerante, quanto na sede do Hemocentro. A triagem é feita do mesmo modo para todos os candidatos à doação, sem distinção. Essa parceria com a Defensoria é de suma importância, pois buscamos sangue para alimentar hospitais e clínicas do estado, e esse convite foi uma grata surpresa. Esperamos que essa se torne uma parceria sólida, para que possamos contribuir sempre com as ações, disse.
APOIO DOS MOVIMENTOS – Para apoiar a causa, também estiveram presentes no mutirão, representantes da Associação de Pessoas Travestis, Transexuais e Transfeministas da Paraíba (ASPTTRANS-PB), Iguais Associação LGBT+, Coletive Não-Binárie, além da Assessoria Técnica de Promoção da Cidadania LGBT+, da Prefeitura de João Pessoa, e da Gerência da Pasta LGBT, vinculada à Secretaria de Políticas Públicas para as Mulheres e da Diversidade Humana, da Prefeitura de Cabedelo.
“Para mim é uma honra estar nesse grande movimento de luta, de resistência. Hoje é uma data comemorativa para nossa comunidade. É marcante ver todo esse público LGBT aqui, participando, se empoderando. Essa é uma ação de resistência, de luta pelos nossos direitos, o direito de podermos fazer doações de sangue para quem mais precisa. É um momento marcante para a população LGBT da Paraíba”, ressaltou Samantha Scaranzi, representante da ASPTTRANS e da Gerência LGBT de Cabedelo.
A assessora técnica de promoção da cidadania LGBT+ de João Pessoa, Karina Espínola, reforçou o marco histórico do mutirão. “Essa campanha da Defensoria Pública revela que o nosso sangue tem valor, que doar sangue também transforma e salva vidas”, destacou.
DEPOIMENTO – Um dos coordenadores do Coletive Não-Binárie, D’Angelles Coutinho, falou sobre o papel da ação, e aproveitou para fazer a sua doação de sangue neste Dia do Orgulho. **“**Vim prestigiar esse evento, porque é uma data histórica, que representa a luta das pessoas da comunidade. A ação vai na via dos direitos para essa população e quebra preconceitos, garantindo o espaço para essas pessoas, assegurando seus registros civis e dando a oportunidade para que elas possam exercer o direito de doar sangue. Inclusive, eu mesmo vou fazer isso hoje”, ressaltou o coordenador.
Por Daiane Lima