“O insistir é o ideal. O filme me diz pra eu começar novamente, insistir.” A frase é de uma das usuárias do CAPS AD III David Capistrano, no bairro de Tambauzinho, em João Pessoa. Ela resume o sentimento despertado após assistir à animação “Divertida Mente”, exibida gratuitamente na tarde desta quarta-feira (09), durante a segunda sessão do projeto Loucine: Cinema, Reflexão e Direitos Humanos, promovido pela Defensoria Pública da Paraíba (DPE-PB).
A sessão lotou a Sala do Conselho Superior da DPE-PB, no bairro do Tambiá, e emocionou usuários e familiares de pessoas atendidas pela Rede de Atenção Psicossocial (RAPS) da capital paraibana. O projeto é fruto de uma parceria entre o Núcleo Especial de Cidadania e Direitos Humanos da Defensoria e o Grupo de Pesquisa e Extensão Loucura e Cidadania (LouCid), da Universidade Federal da Paraíba (UFPB).
Após a exibição da animação, foi realizada uma roda de conversa sobre saúde mental, com o objetivo de auxiliar na compreensão das emoções de forma lúdica e aprofundada. “O filme mostra que o equilíbrio entre a alegria e a tristeza é importante. Não podemos nos deixar ser dominados pelo medo, angústia, raiva. Precisamos saber escutar nossos sentimentos para não machucar os outros, nem a nós mesmos”, disse outro participante da sessão.
Para Cleiton Teixeira, arte-educador do CAPS David Capistrano, a ação representa mais que uma atividade cultural, é um gesto de dignidade. “Essa ação mostra que a Defensoria não tem apenas a função de resolver situações relacionadas à justiça, mas também de proporcionar momentos como esses com dignidade. A saúde mental é um assunto que há muito tempo era pouco falado. Hoje isso tem mudado. E eles próprios terem a oportunidade de poder refletir sobre isso, é muito legal”, destacou.
A coordenadora do Loucid, professora Ludmila Correia, apontou a importância do projeto como uma forma concreta de garantir direitos e combater o estigma em torno da saúde mental. “O Loucine é uma iniciativa fundamental porque atua na dimensão sociocultural da reforma psiquiátrica. Quando essas pessoas têm acesso a ações culturais, como uma sessão de cinema com filmes que dialogam com suas vivências, elas não apenas se divertem, mas também refletem e debatem questões relacionadas ao seu cuidado e cotidiano”.
LOUCINE – As sessões do projeto ocorrerão quinzenalmente e são abertas à participação de toda a sociedade, especialmente de usuários e familiares de pessoas atendidas pela Rede de Atenção Psicossocial (RAPS).
Texto e fotos: Felipe Bezerra