Por: Ascom-DPPB – Publicado em: 10.07.2017
Primeira colocada no concurso para defensor público da Paraíba, a defensora recém-empossada Carollyne Andrade Souza discursou durante a solenidade de posse, ocorrida no dia 6 de julho passado, em nome de todos os colegas.
Em seu pronunciamento, ela relembrou os desafios enfrentados até serem investidos formalmente no cargo, perante o Conselho Superior da Defensoria Pública, e destacou o sonho de todos: amparar juridicamente os mais necessitados. Confira o discurso na íntegra.
VOCÊS ESTÃO PRONTOS?
Saudações à mesa.
Tenho que afirmar que é um desafio estar aqui, diante de todos vocês, nesse púlpito, representando meus nobres colegas aprovados, nomeados e, agora, empossados como defensores públicos do Estado da Paraíba. Porém, esse DESAFIO me parece pequeno perto daquele que eu e os meus colegas iremos enfrentar brevemente em nossa atuação profissional.
Por isso, convido todos vocês da plateia, os nossos amados familiares, os membros do Ministério Público, do Judiciário, da classe política, demais defensores do quadro (que hoje nos recebem de braços abertos), a embarcar conosco nesse sonho.
O sonho que é amparar juridicamente os mais necessitados, aqueles que, às vezes, não têm condições financeiras nem mesmo de levar o pão à mesa da família, muito menos poderiam pagar por um advogado.
Nós vamos lidar com o choro de mães, com o desamparo de crianças e adolescentes em situação de risco, com mazelas desumanas em presídios.
Eles baterão à nossa porta, baterão à porta da Defensoria.
Vocês estão prontos? Tenho certeza de que sim, estão. Vejo no olhar de cada um a vontade de fazer o bem. É o começo de um novo tempo!
Para nós, a Defensoria é mais do que uma carreira estatal. É um trabalho humano. A vivência que nós teremos com as histórias das pessoas carentes não existe em outra instituição.
Nesse sentido, imagino que trabalhar na Defensoria seja como uma doação de amor ao próximo cultivada diariamente.
Uma justiça acessível aos pobres é uma das chaves do direito a ter direitos, da dignidade da pessoa humana, da construção de uma sociedade livre, justa e solidária, da redução das desigualdades sociais e regionais; da promoção do bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade ou outras formas de discriminação.
Vamos fazer valer os direitos fundamentais incertos na Constituição de 88, promulgada após anos de regime militar ditatorial.
Faço, então, aqui, um parêntese em nome da liberdade, da democracia e em reverência à nossa Constituição: temos ódio à ditadura. Amaldiçoamos a tirania onde quer que ela desgrace pessoas e nações.
É nesse parêntese que faço lembrar como foi dificultosa nossa nomeação, muitas vezes atrapalhada das formas mais escusas. E ainda aguardamos a nomeação dos demais.
Mas se superamos essa batalha inicial, estamos prontos para a função de orientar, defender, lutar, a ferro e fogo, por aqueles em estado de periclitância jurídico-social.
Assim, concluo minhas palavras dizendo que, somente por intermédio da Defensoria Pública, é que os marginalizados têm voz e vez.
E por falar em “voz e vez”, finalizo com um lindo trecho de “A hora e a vez de Augusto Matraga”, de Guimarães Rosa:
“Reze e trabalhe, fazendo de conta que esta vida é um dia de capina com sol quente, que às vezes custa muito a passar, mas que sempre passa. E você ainda pode ter um pedaço muito bom de alegria… Cada um tem a sua hora e a sua vez: você há de ter a sua.”
Obrigada!