Por: Larissa Claro – Publicado em: 17.06.2022
O senhor Reginaldo Florencio da Silva é motorista da Defensoria Pública do Estado (DPE-PB) há sete anos. Filho de vaqueiro, aprendeu o ofício de motorista aos 18 anos e dedicou-se à profissão pelos 22 anos seguintes, quando se envolveu com as drogas, foi preso e condenado. Pegou cinco anos, entre regime fechado e aberto. Convidado a dar um depoimento no encerramento do IX Encontro Nacional de Execução Penal, o Sr. Reginaldo contou sua história e a de como encontrou na Defensoria Pública as portas abertas para o retorno ao trabalho.
Ao deixar o regime fechado, Reginaldo conta que saiu em busca de emprego. Encontrou todas as portas fechadas. Foi então que tomou conhecimento do programa de ressocialização de presos do governo do Estado, que tem o apoio da Defensoria Pública. “A Defensoria me acolheu com carinho, respeito e dignidade. Segui trabalhando durante o regime semi-aberto, peguei a confiança de todos e estou aqui há sete anos”, contou.
Reginaldo começou na Gerência Executiva de Atendimento (GEA), depois passou para a Chefia de Gabinete, Corregedoria-Geral e há três anos e meio é o motorista do defensor público-geral da Paraíba. “Aqui eu me sinto bem e me sinto respeitado. O projeto é maravilhoso e eu quero aproveitar para fazer três registros: a importância do auxílio reclusão para aqueles que contribuíam com a previdência, que era o meu caso; a necessidade de extensão desse programa para todas as cidades, por meio das prefeituras; e por último um pedido: quando receber a sentença, que o juiz entregue ao cidadão um documento informando o tempo que ele passará em cada regime, pois ele entra na prisão sem ter essa informação e é angustiante”, pontuou.
O motorista também fez questão de mencionar a importância da família nesse processo e prestou uma homenagem especial à defensora Elizabete Barbosa. “Quando a gente cai numa situação como essa, muita gente condena, acusa, guarda mágoas. Eu consegui me livrar, admiti meu erro, perdoei e fui perdoado. Recebi acolhimento e hoje vivo livre e feliz na Defensoria Pública. Minha mulher, meus filhos nunca me abandonaram e sempre me apoiaram. Quero agradecer a todos e também aos colegas de trabalho. E, por último, fazer uma homenagem a Dra Elizabete, que é uma pessoa iluminada e nasceu para cuidar do próximo”, disse, emocionado.
Ele lembrou que a implantação do projeto de ressocialização da Secretaria de Administração do Estado na gestão do então secretário Adalberto Targino contou com o apoio da defensora Elizabete. O programa consiste em destinar vagas nas secretarias de Estado e órgãos públicos para empregar reeducandos do regime semi-aberto. Após a conclusão da pena, Reginaldo deixou de prestar serviço na Defensoria Pública através do programa e passou a ser contratado pela instituição como servidor.
HOMENAGEADA – Bastante emocionada, a defensora Elizabete ficou surpresa com a homenagem feita pelo servidor. “Eu realmente não esperava. O Sr. Reginaldo é uma pessoa que chegou na Defensoria, fez a diferença, é atualmente o motorista do DPG e a cada dia mostra para que veio, fazendo questão de ajudar a todos. No sistema penitenciário a gente tem que ter amor, estar com o coração aberto porque as pessoas que estão ali – algumas não se recuperam, é fato – mas a maioria tem o desejo de sair dali. Cabe a nós mostrar o caminho”, disse Elizabete.