Por: Larissa Claro – Publicado em: 22.05.2020
O estudo encomendado pelo Núcleo de Atendimento da Defensoria Pública do Estado da Paraíba (DPE-PB) em Patos ao Laboratório de Inteligência Artificial e Macroeconomia Computacional (Labimec) da Universidade Federal da Paraíba (UFPB) mostra um processo de interiorização do novo coronavírus no Estado da Paraíba, com a participação decrescente de João Pessoa no registro de novos casos e aumento da participação dos demais municípios.
De acordo com o relatório apresentado durante videoconferência no último dia 18, com representantes da Defensoria Pública estadual, Ministério Público Federal (MPF), Ministério Público do Trabalho (MPT), Ministério Público do Estado da Paraíba (MPPB) e da Prefeitura Municipal de Patos, estima-se que o pico dos casos na cidade de Patos ocorrerá entre as 3ª e 4ª semanas de junho.
Na hipótese de um cenário de normalidade no convívio das pessoas, o estudo aponta, neste período, aproximadamente 2,5 mil casos de pessoas infectadas na cidade. A apresentação do relatório foi do professor Cássio da Nóbrega e do pesquisador Flávio Macaúbas Torres Filho.
“O momento é de respeito as orientações de isolamento, ter mais consciência de que é pelo bem da coletividade, até porque a gente sabe que tem pessoas com mais propensão a, uma vez adquirido o vírus, chegar à letalidade. Então, nós reiteramos essa necessidade de cumprir as medidas de isolamento. É difícil, mas é pelo bem comum. Pessoas estão morrendo, entes queridos, inclusive crianças, em decorrência do novo coronavírus. Para que isso termine o mais rápido possível, a gente precisa se conscientizar e respeitar as medidas de isolamento”, reforçou a defensora pública Raíssa Palitot.
DADOS – De acordo com os dados que mostram o processo de interiorização, João Pessoa registrou, no dia 15 de maio, 27 novos casos, enquanto a cidade de Patos apresentou 45 novos casos na mesma data. “Mesmo sendo uma cidade muito menor, com uma população que representa aproximadamente 15% da população da Capital”, pontou Raíssa.
Dentre os dados, também foi destacado o aumento de 216,2% dos casos confirmados (74 para 160 casos) em apenas uma semana (de 9 a 16 de maio) e de 44,4% nos óbitos (7 para 13), refletindo uma taxa de mortalidade de 5,5%. “Levando-se em conta que, em outros países com testagem superior à brasileira, a taxa de mortalidade do coronavírus não alcança esse patamar, verificou-se, pelos dados do relatório, a possibilidade de grande subnotificação”, diz a ata da reunião.
“Outra coisa que esse estudo nos trouxe que é preciso ficar muito alerta é que o tempo em que a pessoa tem constatado a infecção do vírus, que é testado positivo, até o dia que vem a óbito, em Patos, é menor do que a média no estado”, acrescentou Raíssa. A média em todo o Estado é de 11 dias, enquanto a de Patos está em torno de 8 dias.
RECOMENDAÇÃO – Com o objetivo de conscientizar e orientar a população de Patos para a necessidade de respeitar o distanciamento social, a Defensoria Pública chegou a recomendar ao gestor municipal que adote temporariamente medidas de restrição compulsória de circulação, o chamado lockdown. “Isso de forma temporária, respeitando os direitos fundamentais de cada um, as pessoas em situação de rua, respeitando as pessoas pobres que não tem condição de pagar uma eventual multa administrativa que venha a ser aplicada”, explicou Raíssa.
REUNIÃO – Participaram da videoconferência os procuradores da República Tiago Misael Martins e Acácia Soares, o procurador do Trabalho Raulino Maracajá, os promotores de Justiça Uirassu de Melo e Elmar Thiago Pereira, as defensoras públicas Mariane Fontenelle, Monaliza Montinegro e Raíssa Palitot, o prefeito de Patos Antônio Ivanes de Lacerda, o procurador do Município de Patos Jonas Guedes de Lima, a secretária de Saúde de Patos Francisca Lavour e o Chefe da Vigilância Sanitária de Patos João Paulo de Lacerda, além de representantes de outros órgãos municipais e da UFPB.