Defensoria Pública da Paraíba repudia discurso de ódio contra religiões de matriz africana durante homilia na cidade de Areial

A Defensoria Pública da Paraíba (DPE-PB), por meio da Coordenadoria de Direitos Humanos, Cidadania e Tutela Coletiva em Campina Grande, emitiu nota de repúdio contra declarações ofensivas proferidas por um sacerdote católico durante homilia na cidade de Areial/PB. As falas, feitas ao comentar a morte da artista Preta Gil, atacaram religiões de matriz africana com conteúdos discriminatórios e intolerantes. A Defensoria reafirma seu compromisso com a liberdade religiosa, o respeito à diversidade e a defesa intransigente dos direitos humanos, especialmente de grupos historicamente vulnerabilizados.

Confira:

NOTA DE REPÚDIO
O Núcleo de Direitos Humanos da Defensoria Pública do Estado da Paraíba, por meio de sua Coordenadoria de Direitos Humanos, Cidadania e Tutela Coletiva em Campina Grande, no exercício de sua missão constitucional de proteção e promoção dos direitos humanos, bem como na defesa de grupos sociais considerados minoritários, vem a público manifestar veemente repúdio às declarações proferidas por um sacerdote católico durante homilia realizada na cidade de Areial/PB, nas quais, ao comentar a morte da artista Preta Gil, fez afirmações ofensivas a religiões de matriz africana e à memória da falecida.

As falas, amplamente divulgadas, associam práticas religiosas afro-brasileiras a entidades malignas, ironizam a fé alheia e desqualificam tradições espirituais que fazem parte da história e da identidade cultural do Brasil. Tais declarações reforçam estigmas, alimentam a intolerância e afrontam valores essenciais à convivência democrática, especialmente em tempos nos quais a intolerância e o ódio afloram com perigosa intensidade em todo o mundo.

A Constituição Federal de 1988, em seu artigo 5º, assegura a liberdade de consciência e de crença (inciso VI) e veda qualquer forma de discriminação religiosa. O Brasil é um Estado laico, plural e democrático, no qual todas as religiões – assim como a opção de não professar nenhuma – merecem igual respeito e proteção.

Além de violar esses princípios constitucionais e tratados internacionais de direitos humanos ratificados pelo Brasil, as falas proferidas pelo sacerdote subvertem os próprios ensinamentos do Cristianismo, pouco importando que tenham sido proferidas em ambiente católico, o qual é aberto a todas as pessoas. O Evangelho prega o amor ao próximo, a misericórdia e a fraternidade universal. Ao proferir julgamentos depreciativos sobre a fé alheia e sobre a memória de uma pessoa falecida, a conduta adotada contradiz a mensagem cristã de acolhimento, respeito e diálogo inter-religioso, reiterada pela Igreja Católica, especialmente a partir do Concílio Vaticano II e dos apelos do Papa Francisco.

O Núcleo de Direitos Humanos reafirma seu compromisso inarredável com a promoção da tolerância, do respeito às diferenças e do combate a toda forma de discriminação religiosa, especialmente quando dirigidas contra grupos minoritários e historicamente vulnerabilizados.

Por fim, manifesta solidariedade à família de Preta Gil, à comunidade que professa religiões de matriz africana e a todas as pessoas que se sentiram atingidas pelas referidas declarações.

Campina Grande, 31 de julho de 2025.

Coordenadoria de Direitos Humanos, Cidadania e Ações Coletivas
Defensoria Pública do Estado da Paraíba

Marcel Joffily de Souza
Defensor Público

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